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Contava meu pai que certa vez um caixeiro
viajante trespassado de fome chegou a pensão de uma senhora.
Então ele pediu arrancho, deu água a seu burro
e o colocou num pasto para comer.
Em seguida ele perguntou para a senhora o
que tinha para comer. Ela disse que não tinha sobrado nada do almoço, mas tinha
uma dúzia de ovos que ela havia cozido justamente para vender.
Neste momento o homem se lembrou que havia
realizado compras e gastado todo o dinheiro. Então ele propôs a senhora que lhe
vendesse a dúzia de ovos que na volta ele lhe pagava. Tendo ela aceitado pelo
valor de 1 conto de reis cada um perfazendo 12 contos de reis.
Passado cerca de 2 (dois) anos o caixeiro
retornou para pagar os ovos, momento em que a dita senhora falou que sua divida
não era mais doze contos, porque 12 ovos
se chocados tiravam doze pintos, que se transformavam em 12 capões e que seriam
vendidos perfaziam 1.200,00 contos de reis. Sendo este o valor que ele devia.
Naquela época 1200,00
contos de reis era tanto dinheiro que dava quase para comprar uma fazenda. E consumia
praticamente todo o capital do comerciante. Ou seja, se ele pagasse a divida
quebraria.
Assim, estabeleceu-se uma pretensão
resistida, uma vez que o caixeiro o devedor não aceitou a atualização da divida
nos termos propostos.
Como as partes não chegaram a um acordo a
senhora judicializou a cobrança, insistindo na atualização da divida nos termos
mencionados, de que se tivesse chocado os ovos estes tirariam doze pintos, que
se transformavam em doze capões, e bla, bla, bla.
Quando estava se aproximando o dia da audiência
o caixeiro procurou um advogado e depois de lhe contar o acontecido este se propôs
a patrocinar a sua causa. Mas disse, vou chegar atrasado, não se preocupe.
Chegado o dia da audiência compareceram as
partes, o juiz, o advogado da autora, mas o advogado do caixeiro se atrasou.
Depois de algum tempo de espera o juiz perdeu
a paciência e passou a apregoar as partes mesmo sem o dito advogado. Quando de
repente este chegou muito cansado e afrontado.
E quando chegou a sua vez de falar ele
passou a dizer.
“Excelência peço desculpas pelo atraso é
que dormi mal, pois esta noite passada meu pai que está grávido começou a
sentir as dores de parir e eu tive que assisti-lo. Não bastasse isso, mesmo
tendo acordado tarde, antes de vir para esta audiencia ainda tive que tirar
leite de uns bois. Eis o motivo do atraso.”
Nesse momento houve um alvoroço no
tribunal. As pessoas diziam umas para as outras: - como pode! Esse advogado deve
ser louco, pois onde se viu homem dar a luz e e boi produzir leite?
Tendo o juiz bradado: Dr. o senhor é doido é?
Sua historia é absurda. Onde já se viu homem dá a luz e boi produzir leite? O senhor
está fazendo chacota desse juízo?
No que o advogado respondeu:
- Ora Excelência, com o devido respeito a
historia que eu contei neste tribunal não é diferente da que a autora está
contando nesta ação, pois os ovos que o meu cliente comeu estavam cozidos. E ovos
cozido não tira pinto.
Tendo o julgador concordado. No entanto
para não haver enriquecimento sem causa o juiz determinou que o caixeiro
pagasse o valor combinado com juros e correção monetária.
Obs. Esta é uma estória de ficção, qualquer semelhança será mera coincidência.
Meus mais sinceros respeito aos advogados do Brasil e do Mundo. Esclareço
que este conto não pretende de forma alguma ofender a classe de advogados, pelo
contrario a exalta, pois os advogados defendem teses.